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Quem procura o pronto-socorro durante as festas?

Olá, sou Dominique Savary, sou médico emergencista do Centre Hospitalier Universitaire d’Angers, e vou falar sobre o das festas de fim de ano que estão chegando.

Sabemos, desde o trabalho de Philipps et al. publicado no periódico Circulation, que esse período de final do ano está associado a aumento importante das mortes naturais entre os pacientes, particularmente os pacientes cardiopatas e principalmente aqueles com doença coronariana – chamamos de coronárias natalinas.

Outras esferas, além da cardiovascular, também são atingidas. As principais datas são 25 e 26 de dezembro e 1º de janeiro.

Eu gostaria de mencionar três estudos feitos com pacientes procuraram atendimento no pronto-socorro durante este período:

  1. Em 2019, Reeves et al. publicaram um estudo sobre este assunto no periódico Clinical Pediatrics. O estudo se baseia no sistema de vigilância norte-americano e observou a ingestão de corpos estranhos por crianças durante a temporada de festas. Durante mais de 18 anos, os autores relacionaram mais de 22.200 crianças que haviam ingerido alguma decoração de Natal. Mais de 60% dos casos eram de objetos de decoração não elétricos (29% foram guirlandas elétricas). A epidemiologia foi semelhante à do resto do ano: principalmente meninos, com menos de dois anos. Os autores indicam que dezembro é um mês no qual a ingestão de corpos estranhos aumenta quatro vezes em comparação com novembro ou janeiro, meses imediatamente anterior e posterior, respectivamente. Portanto, devemos esperar receber crianças pequenas que engoliram a decoração de Natal!

  2. O segundo estudo foi publicado no ano passado, em abril, no periódico Epilepsia[3]. Este foi um estudo suíço feito pela Dra. Alexa Hollinger que se interessou no estado de mal epiléptico. Realizado durante mais de uma década em hospitais universitários suíços, o estudo analisou se períodos das festas (Natal, Ano Novo, mas também aniversários ou outras datas comemorativas) poderiam influenciar na ocorrência do estado de mal epiléptico nos pacientes com essa doença. O estudo mostra claramente que os pacientes têm crises de epilepsia em média duas semanas após as festas. Os autores concluem que não tomar os remédios e que o consumo de álcool provavelmente estavam relacionados com as crises, que foram tardias em relação aos eventos. Portanto, atenção após o feriado, por volta de 15 de janeiro, corremos o risco de ver esses estados de mal epiléptico.

  3. Como isso é regularmente descrito, também gostaria de mencionar a ocorrência de traumatismos oculares durante as festas pela famosa rolha de champanhe. Procurei um estudo publicado em 2004 por Kuhn et al. de Birmingham, que coletou em três retrospectivas internacionais os registros de todos os traumatismos relacionados com garrafas contendo bebidas sob pressão. Os autores descobriram mais de 12.900 lesões oculares relacionadas com essas garrafas e, particularmente as de champanhe em 20% dos casos. Os pesquisadores descreveram traumatismos muito sérios, mais comuns entre os homens, e que levaram a mais de 26% de cegueira em toda essa coorte.

Curiosidade: os autores especificam que uma garrafa de champanhe de 750 mL contém 4 L de dióxido de carbono com pressão de 6,2 bar e, portanto, pode projetar uma rolha a mais de 13 metros.

 

Os pesquisadores propuseram em sua conclusão, substituir as rolhas de cortiça por roscas de plástico, mas não estou bem certo que possamos propor isso aos nossos viticultores...

Gostaria de lhe desejar boas festas... e poucas bebidas alcoólicas. Até breve!

Fonte: medscape

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